quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

ENTRE RUAS, RUA DA PRAIA


   Caminhando pelas ruas de Porto Alegre, sigo devagar pela Andradas. Observo as pessoas de diversas etnias, jeitos e formas a minha volta, caminharem apressadas tentando vencer o relógio. Ao chegar a Rua da Praia escuto o som de pássaros e cachoeiras vindas de uma pequena tenda. O som do cd pirata refresca o ambiente e atrai pequenos canários da terra e simpáticas pombas que saltitam pelo piso preto e branco da rua. Gosto de visitar as tendas e quem sabe tragar o aroma de algum incenso aceso por um hippie local. Os senhores sentados nas cadeiras verdes estão a jogar xadrez, jogando conversa fora sem maiores preocupações, enquanto os jovens continuam sua corrida contra o tempo.

  Me sento em um dos bancos e vejo os fantasmas dos homens ilustres que passearam por ali e que ainda passeiam sem que ninguém os veja. Leio meu livro enquanto as antigas árvores me acariciam em forma de brisa suave. As horas passam e com elas a constante transformação da rua. Nem os belos prédios enfeitados com a arquitetura antiga são os mesmos desde a hora em que me sentei neste banco. O ar gelado do final de tarde em Porto Alegre me convida a tomar um café e não penso duas vezes em ir na Casa de Cultura do Mario Quintana. 

   Talvez eu nunca tenha gostado tanto de rosa, como gosto do rosa antigo desta casa. Sua arquitetura juntamente com seu conteúdo cultural me alucinam e é impossível passar em frente sem entrar ao ler a placa convidativa com o nome deste verdadeiro templo. As paredes com citações do grande Mário Quintana mantendo viva a alegria do poeta. O cheiro de livros velhos e de história impregnam  nas minhas narinas me seduzindo a um pequeno tour. E após subir e descer escadarias com gosto de quero mais, eu me despeço sem muita cerimônia, pois a pomposidade do ato pode significar adeus, e pretendo voltar muito em breve, só para ver as mudanças que o tempo causou ao local adorado. 

   A rua é linda, simplesmente encantadora como uma mulher cheia de atrativos e bem armada como um soldado bem treinado. Os bares, as padarias, os sebos e os restaurantes sempre chamam minha atenção trazendo alegria e aromas diferentes ao longo da caminhada.

    Quase terminando minha caminhada, passo na frente da exuberante Igreja Nossa Senhora das Dores, um local de visitação até para os descrentes em Deus. A igreja mais antiga da cidade e digo, a mais bela também, deveria ser visitada ao som Eye Of the Tiger ao subir sua enorme escadaria que nos lembra o filme do Rocky Balboa. Sem comentar o interior, deixo você querido leitor com um gostinho de curiosidade, pois vale a pena ver com seus próprios olhos. Gostaria de agradecer pela nossa caminhada, logo ali esta a Usina do Gasômetro e com ele o final do nosso passeio. 
   
   Porto Alegre é tão bela quando não estamos com turbilhões de pensamentos focados no lado feio da cidade e na sua sujeira. Esquecemos de admirar o que ele tem de belo e a cultura não só literária que temos, mas tantas outras, por bobagens que não valem nada. Passamos a vida correndo contra o relógio para vivermos e fazermos mais do que podemos e quando nos damos conta não fizemos nada, nada que se leve depois da vida. Quando só temos olhos para o que nos falta, nos faltam olhos para ver e apreciar um bocado de coisas preciosas que já temos. 












4 comentários:

  1. Muito bacana o texto!

    Porto Alegre é aquela cidade para se ler sem pressa e prestar atenção nas entrelinhas :)

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    1. Fico feliz que tenha gostado. Realmente Porto Alegre é muito mais do que muitos imaginam. Beijão

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  2. Oi Andressa! Você visitou meu blog e vim retribuir. Adorei os teus textos. E esse então me diz muito. Amo Porto Alegre e em especial o poeta Quintana e a CCMQ. Sempre que vou à capital a visito e fico passeando por lá , encantada! Abraços!

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  3. Olá Marli. Fico feliz que tenha gostado. Também gostei muito do seu e espero que venha me visitar mais vezes. Beijos

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